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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Último

Praia Nua
Jorge Vercillo

Ah, meu sol, meu bem
A minha vida escureceu
desde que você não quis mais saber de mim
Hoje eu só fiquei
com a imensidão do céu
as estrelas mil que se esforçam pra luzir meu vazio
Tudo que era flor
virou o cinza da manhã
e se entristeceu pelo fim do nosso amor
Mar azul também
suas ondas estancou
sem o seu calor o oceano é uma poça sem cor
Eu, praia linda e nua ventando de paixao
o dia amanhece na minha solidão
e posso ouvir você
por entre as nuvens lá no céu:
eu namoro a lua mas meu coração é seu.

sábado, 18 de outubro de 2008

Poema nº 15
Pablo Neruda

Gosto de ti calado porque estás como ausente e me ouves de longe, e esta voz não te toca.
Parece que os teus olhos foram de ti voando e parece que um beijo fechou a tua boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma tu emerges das coisas cheias da alma minha.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma e pareces-te com a palavra melancolia.
Gosto de ti calado e estás como distante
E estás como queixando-te, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e esta voz não te alcança: vais deixar que eu me cale com o silêncio teu.
Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio claro como uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples.
Gosto de ti calado porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesses morrido.
Uma palavra então, um teu sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre porque não é verdade.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

mantra

Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração acordará
Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência adormecerá
E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar, no mesmo quintal
Da alma ao corpo material
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare
Quando não se tem mais nada
Não se perde nada
Escudo ou espada
Pode ser o que se for livre do temor
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare
Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá para dar amor
Amor dará e receberá
Do ar, pulmão; da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão do templo espiral
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare
Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá para dar amor
Amor dará e receberá
Do ar, pulmão; da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão do templo espiral
Amor dará e receberá
Do braço, mão; da boca, vogal
Amor dará e receberá
Da morte o seu guia natal
(adeus dor...)
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare...


By Paulo Winckler

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Fernando Pessoa e eu

[...]viver é preciso
navegar não é preciso[...](FP)

precisão
minha vida não é precisa
sem rotina
vivo
sem amor
morro

sábado, 11 de outubro de 2008

Romanticos

Românticos são poucos,
Românticos são loucos, desvairados
Que querem ser o outro,
Que pensam que o outro,
É o paraíso.
Românticos são lindos,
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas,
Que amam sem vergonha e sem juízo
São tipos populares, que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão
Romântico é uma espécie em extinção.
Românticos são poucos,
Românticos são loucos,
Como eu.

Vander Lee

Alma nua

Ó Pai
Não deixes que façam de mim
O que da pedra tu fizestes
E que a fria luz da razão
Não cale o azul da aura que me vestes
Dá-me leveza nas mãos
Faze de mim um nobre domador
Laçando acordes e versos
Dispersos no tempo
Pro templo do amor
Que se eu tiver que ficar nu
Hei de envolver-me em pura poesia
E dela farei minha casa, minha asa
Loucura de cada dia
Dá-me o silêncio da noite
Pra ouvir o sapo namorando a lua
Dá-me direito ao açoite
Ao ócio, ao cio
À vadiagem pela rua
Deixa-me perder a hora
Pra ter tempo de encontrar a rima
Ver o mundo de dentro pra fora
E a beleza que aflora de baixo pra cima
Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito, sujeito, artigo definido
De me apaixonar todo dia
De ser mais jovem que meu filho
E ir aprendendo com ele
A magia de nunca perder o brilho
Virar os dados do destino
De me contradizer, de não ter meta
Me reinventar, ser meu próprio Deus
Viver menino, morrer poeta.




Vander Lee

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

confronto com a dualidade

Caro amor
dei TUDO que era MEU
pra te TER,
mas agora,
estando vazia do material,
o pior
é o vazio de SENTIMENTO